Viva a pluraridade! Dane-se o pensamento único! Expresse a sua opinião sem auto-censuras. Seja livre para discordar de quem quiser, até de si mesmo...Mate o seu pai, seu patrão, seu pastor, seu professor... Mate você mesmo e dê à luz um outro você. Crie algo novo! Descubra outros lugares, novas possibilidades. Ame! Odeie! Mas acima de tudo discorde! Discorde mesmo deste blog! Mas com todo o respeito, é claro!
sábado, dezembro 15, 2012
À espera
Inevitável, no horizonte surgiu
Desvirginado, o negro fez-se anil
Seca o´rvalho, desperta o galo, reflete no mar
A ilusão de que um dia melhor acaba de chegar
De pronto devora
O naco de pão fugaz
O café de amargar
O beijo protocolar
Tão logo celebra
A vida que s´esvai
No banco quebrado
Do vagão lotado
No funk bem alto
Do rádio ligado
No salmo recitado
Do pregador exaltado
Tolera anestesiado
A cobrança do patrão
A fofoca ao lado
O aumento da condução
O soldo minguado
De volta se entrega
À comida sem sal
Ao minuto comercial
Ao zero a zero professoral
Ao sexo banal
Inexorável, estrelas no céu cintilam
Cá embaixo, pessoas silenciam
Sonham com dias ideais
Padecem sob mausoléus digitais
À espera
Como seus pais padeciam.
Ciço Pereira
Rio, 15 de dezembro de 2012.
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