quinta-feira, abril 01, 2010

Eterno Mestre

Encheram-se de lágrimas seus olhos ao ouvir o professor. Gestos meticulosamente espontâneos, fala pausada, olhar sereno lembravam-lhe o avô. Como poucos, sabia dizer muito sem esforço. Palavras saíam-lhe dos lábios como mel, docemente. Seduzia a todos ao redor. Lições de história, filosofia, metafísica, alquimia e o raio-que-o-parta. Era como se contasse historinhas a dormir.

Não sou especialista em nada, pois tenho uma vida a viver, disse-o para conforto dos ouvintes. Deleitados, discípulos não sabiam se escreviam ou fitavam o mestre. A vida é um algo e o homem, demasiadamente humano, disparou nietszcheanamente.

Eterno retorno o que é, indagou o incauto discente. Respondeu citando Zaratrusta e lembrou o anão que, embaixo do Pórtico Instante, percebeu a infinitude do passado e do futuro que repetiam-se indefinidamente e decretavam o fim do fim da história.

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