terça-feira, dezembro 25, 2012

Hereditária capitania


O cume Pascoal
Encantou Portugal

Em nossa história
Ficou na memória
Aquela avisada
À beira da´strada

Em portos inseguros baianos
Negros, guaranis e tamoios

Carne barata à venda
Mil réis em cada fazenda
Trabalho escravo
Até hoje mal pago

O quinhão dos capitães
É o lucro dos Magalhães
Hereditária capitania
É a história da Bahia

Em Salvador
À benção nosso senhor
Do Bonfim é o redentor

Para esquecer o que há por perto
Elegemos agora o neto
Nova geração do capitão
Perpetuando a dominação

Do povo oprimido
Maltratado e aflito
Mas mesmo assim não se cansa
E insiste em manter a esperança.

Ciço Pereira.
Salvador, 25/12/12.

sábado, dezembro 15, 2012

À espera


Inevitável, no horizonte surgiu
Desvirginado, o negro fez-se anil
Seca o´rvalho, desperta o galo, reflete no mar
A ilusão de que um dia melhor acaba de chegar

De pronto devora
O naco de pão fugaz
O café de amargar
O beijo protocolar

Tão logo celebra
A vida que s´esvai

No banco quebrado
Do vagão lotado
No funk bem alto
Do rádio ligado
No salmo recitado
Do pregador exaltado

Tolera anestesiado
A cobrança do patrão
A fofoca ao lado
O aumento da condução
O soldo minguado

De volta se entrega
À comida sem sal
Ao minuto comercial
Ao zero a zero professoral
Ao sexo banal

Inexorável, estrelas no céu cintilam
Cá embaixo, pessoas silenciam
Sonham com dias ideais
Padecem sob mausoléus digitais

À espera
Como seus pais padeciam.

Ciço Pereira
Rio, 15 de dezembro de 2012.

sábado, dezembro 01, 2012

Auto-ajuda

Um dia após o outro
Sigo meu caminho

Certo ou errado
Sigo meu caminho

Suave o equilíbrio
Dura é a queda

Conquistas e perdas
Meras oscilações de vida

Conhece-te a ti mesmo
E surpreenda-se

Outros são os outros

Outro dia caminho
Sigo meu após

Errado ou certo
Sigo meu após

Duro o equilíbrio
Suave é a queda

Meras conquistas
Perdas de vida

Surpreenda-se a ti mesmo
E conhece-te

Outros são os outros.

Ciço Pereira, 01/12/2012.


sábado, novembro 24, 2012

Incondicional

Meu amor
Não me interprete mal
Meu sentimento
É incondicional

Nossas brigas
São coisa normal
De qualquer casal

Não me sinto bem
Quando você não vem
Parece não perceber
Que faço tudo por você

E tenho que dizer
O que está cansada de saber:
Que a minha vida
Não é nada sem você.

Rio, 24/11/2012.

quarta-feira, novembro 07, 2012

Meditação



Concentro
Para me tornar
Sereno

Por dentro
Sinto queimar o olhar
Alheio

Não deixo
Me tocar
O veneno
Do outro

Medito
Para aquietar
O que ficou
Não dito

O intelecto
É mais forte
Que o sentimento

É o norte
Mas também a morte
Do que ficou por dentro

Ciço Pereira, 07/11/2012.

terça-feira, setembro 18, 2012

Fúria















Fúria

Que fura
Corrói
Arde
Dói

Maltrata
Acaba
Com a paz
Me mata

Dipersa
Altera
O espírito

Atormenta
Impede
A evolução.

Ciço Pereira
Rio, 18 de setembro de 2012.

quarta-feira, julho 25, 2012

O que é a vida?







A vida é aqui
A vida é agora
Num instante ela vai embora

A vida é o calor
Do asfalto quente
A vida é o frio
Do corpo doente

É o sorriso da criança
O choro da menina
As pernas da passista
Quando ela dança

A alegria da vitória
A tristeza da derrota
O abraço dos amigos
A lágrima solitária

É o copo vazio ou cheio
A vida é o meio a meio

A vida é uma rua iluminada
A vida é a lâmpada queimada

A vida é o texto decorado
É aquilo que sai errado

A vida é a solidão do cárcere
É o segundo anterior ao êxtase

É questão de vida ou morte
A vida é azar ou sorte

A vida é o fio
Riscado do pavio.

Ciço Pereira, 25/07/2012.

terça-feira, maio 15, 2012

Esperando o que Jesus prometeu





Sacerdotes ateus
Surrupiam os teus
Bens, mas não te querem
Bem. Se prometem

Na terra o paraíso
Não é por isso
Que fazem o clamor
À salvação do nosso senhor

O dízimo é o ingresso
Para a eternidade
Mas não vem impresso
O direito à felicidade

Enquanto não morrer
Pague em dia e agradeça
Por ainda ter o de comer

Ore, trabalhe, não esmoreça
Aos maus pensamentos, perdão
Continue, abaixe a cabeça
Penitência e abnegação.

sexta-feira, abril 13, 2012

Profecia


Perdas que sofri
Amores que vivi
Buscas que escolhi
Rumos que segui

Me trouxeram
Onde estou aqui
Me fizeram
O homem que cresci

Aprendi
Não desanimar
Tudo isso

Vai me transformar
Naquilo que eu vi
No fundo desse olhar.